APL 181 D. Teresa Eufrásia de Meneses

D. Teresa Eufrásia de Meneses, instituidora do morgadio de Paço de Arcos, com sede no emblemático palácio da vila, morreu, em 20 de Julho de 1698, carregando a dolorosa mágoa da infecundidade. Desejara deixar um filho, fruto do seu casamento, que herdasse o vasto e rico património fundiário que engrandecera. Mas era “destino” familiar. Já sua irmã mais velha, de quem fora herdeira, D. Maria Clara de Meneses, que até mandara edificar, às suas expensas, a Capela do Senhor Jesus dos Navegantes, se finara sem geração.
 A morgada, na ausência de sucessão, legou os seus bens a D. Jorge Henriques Pereira de Faria, senhor das Alcáçovas, levada pela “estremosa amizade” que a unia a sua mãe, D. Maria Luísa Pereira de Meneses. Os descendentes desta nova linha de proprietários do Palácio dos Arcos, registaram a situação para a posteridade mandando, em homenagem à benfazeja testadora, executar, em 1777, o seu retrato a óleo, que ainda adorna, em destaque, o salão nobre da velha e aristocrática mansão.
 O retrato dá-nos a imagem de uma mulher de altiva nobreza e finas e perfeitas feições, numa postura firme, que revela uma personalidade sóbria e determinada, mas, contraditoriamente, com fragilidades — uma bonita senhora, possuidora de um atraente olhar triste, magoado. Parece até querer sair do quadro e viver… a vida que não viveu.
 E “há quem diga que em certas noites aziagas a nobre dama antiga se desprende da sua moldura doirada e vagueia, corporalmente, pelas salas do seu Paço de antanho, roçagando sedas, suspirando ais, cintilando jóias. Alma em pena de eterna saudade pelo morgado que instituiu e ao qual o seu ventre de mulher não deu herdeiro da sua raça.”

Source
MIRANDA, Jorge Viagem pelas Lendas do Concelho de Oeiras , Câmara Municipal de Oeiras, 1998 , p.22
Place of collection
Paço De Arcos, OEIRAS, LISBOA
Narrative
When
18 Century,
Belief
Some Belief
Classifications

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