APL 1517 Caramós

Durante uma batalha entre cristãos e mouros, e face aos maior número destes, os cristãos começam a retirar; nesse momento, dá-se a aparição de S. Martinho que, montado num cavalo branco, mata vários inimigos com a sua lança. Os cristãos, estimulados pelo acontecimento, investem contra os mouros, vencendo a batalha.

Eis, segundo a tradição, a origem e etymologia da palavra Caramós:
D. Fernando Magno, rei de Castella, era casado com D. Sancha, irmã de D. Bermundo, rei de Leão. Ambicionando aquelle o reino d’este, moveu guerra ao cunhado e o matou em combate, no anno de Jesus Christo 1036; ficando depois d’isso, por conquista e por herança, rei de Castella e Leão. Este rei, que morreu em 1065, tomou muitas terras aos mouros, desde o Minho até ao Mondego (comprehendendo Coimbra) e ficando este rio servindo de limite S. das suas conquistas.
Era então governador e general das provincia do Minho e Traz-os-Montes, o valoroso conde D. Nuno Mendes, que residia em Guimarães.
 No sitio onde hoje está o convento (e chamado então Campos da Veiga) teve o dito conde uma grande batalha com os moiros no anno 1060; na qual, opprimidos os christãos com o grande numero de inimigos, lhe viraram as costas e fugiram.
 Debalde D. Nuno empregou todos os meios para conter os seus; mas quando as coisas estavam n’este estado eis que apparece S. Martinho, montado em um cavalo branco, armado de uma formidavel lança, espetando com ella mouros, sem dó nem piedade, e gritando aos christãos: Cara aos mouros ! Cara aos mouros ! – Outros dizem que foi o conde que gritou: – Cara aos mouros ! cara aos mouros, que S. Martinho é comnosco ! (Eis um ponto historico que muito cumpre averiguar.) […]
Os portuguezes, vendo que o santo era por elles, viraram a cara aos mouros valorosamente, e os pozeram em completa derrota.
Em commemoração d’esta victoria, e em agradecimento ao santo, fundou o conde, em 1068, no mesmo sitio da batalha, uma egreja com a invocação de S. Martinho de Cara aos Mouros.
É de Cara aos mouros que procede, por abreviatura Caramôs.
(Os antigos portugueses chamavam aos mouros, mós ou moos.)

Source
PINHO LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Portugal Antigo e Moderno , Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, 2006 [1873] , p.tomo II, p. 100-101
Place of collection
Caramos, FELGUEIRAS, PORTO
Narrative
When
10 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography