APL 2225 Os Ferreiros de Penela

Nas proximidades de Penela há dois montes bastante elevados e de forma mais ou menos cónica. É crença popular que dois ferreiros, dizem que irmãos, foram estabelecer as suas forjas, cada um em seu monte, mas que possuindo ambos um só malho, dele se serviam alternadamente.
 Os montes, na sua parte superior, distam uns dois quilómetros um do outro, e, quando o Melo (assim se chamava um dos ferreiros) precisava do malho, chegava à porta da forja e gritava pelo Jerumelo (assim se chamava o outro), para este lho atirar. Isso repetia-se todas as vezes que trabalhavam. 
 Os dois ferreiros eram gigantes, porque só assim podiam ter força para arremessar o malho a tão grande distância.
 Uma vez zangou-se o Jerumelo com o companheiro e atirou-lhe o malho com tanta violência que, desencabando-se este no ar, foi cair o ferro na encosta do monte Melo, e logo daí brotou uma fonte de água férrea, e o cabo, que era de madeira de zambujo, foi espetar-se na terra, a mais de dois quilómetros de distância, reproduzindo-se um zambujo, que deu o nome a uma povoação, que fica a quatro quilómetros dos referidos montes, e a que por isso se chama Zambujal.
 No cimo do Monte Melo vêem-se ainda agora umas ruínas, que são as da forja de um dos ferreiros.

Source
VASCONCELLOS, J. Leite de Contos Populares e Lendas II , por ordem da universidade, 1966 , p.612-613
Year
1881
Place of collection
PENELA, COIMBRA
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography