APL 3713 O rio seco

No alto de Fiães [concelho de Valpaços], num lugar situado entre esta aldeia e o Monte d’Arcas, há ruínas de um antigo castelo onde viveu uma princesa moura. Diz o povo que esta princesa era muito boa, que falava com toda a gente e que andava sempre a passear pelos montes das redondezas.
    Um dia, num desses passeios, conheceu um jovem cristão, também príncipe, e apaixonaram-se. Só que a jovem já tinha o seu destino marcado pelo seu pai que a havia prometido a um rei mouro, seu companheiro de batalhas. Por isso a princesa foi-se encontrando sempre às escondidas com o jovem cristão. Até que o pai lhe marcou o casamento.
    Ao ver a data tão próxima, a jovem encontrou-se pela última vez com o príncipe cristão para se despedirem. E sucedeu que ambos choraram tanto neste último encontro, ao ponto de a seus pés se formar um grande lago. Esse lago foi crescendo e dele se formou um rio. Por fim separaram-se e cada um foi à sua vida para nunca mais se encontrarem.
    Quanto ao rio, é chamado de Rio Seco, correndo às vezes com muita água e outras vezes apenas com um fiozinho. E quando há tempestade, diz o povo que ele corre revolto e, entre os sons que produz, ouvem-se os soluços dos dois amantes.

Source
PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros , Gailivro, 2006 , p.339
Year
1999
Place of collection
Fiães, VALPAÇOS, VILA REAL
Informant
Maria da Graça Gomes (F), 54 y.o.,
Narrative
When
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography