APL 1334 Senhora dos Matos

À beira da estrada que liga as Pedras Brancas às Feteiras, na Graciosa, passando quase desapercebido ao viajante, há um pequenino nicho dedicado à Senhora dos Matos.
 As pessoas que tiveram dificuldades pessoais costumam ir até o nicho pagar as suas promessas e acender velas em agradecimento a Nossa Senhora.
 O nicho fica em lugar deserto, a centenas de metros dos lugares onde há casas, tendo por trás muitas árvores que em dias de tempestade vergam com a força do vento. Mas as velas que os devotos da Senhora acendem nunca se apagam, mesmo que a chuva e a ventania caia ou sopre com a fúria das tempestades que assolam a ilha em certas épocas do ano.
 Certa vez, um homem das Pedras Brancas estava com um problema muito grande para o qual não via solução e sentia uma grande aflição. Como não tinha quem lhe valesse e acreditava na ajuda da Senhora dos Matos, decidiu ir até ao nicho onde está a imagem da milagrosa Santa pedir ajuda.
 Chovia torrencialmente, mas o homem, tal era o sofrimento, não se amedrontou com o tempo e pôs-se a caminho cheio de fé em que a Senhora o iria ajudar. Dificilmente conseguia andar porque o vento e a chuva o empurravam com força de gigante. O vento zunia e os bagos frios de chuva magoavam-lhe a cara e as mãos. O homem cheio de esperança na Senhora dos Matos, avançava.
 Por fim, chegou junto do humilde nicho. Enregelado e tiritando de frio acendeu velas, ajoelhou, fez as suas orações, pondo nas palavras que murmurava todo o seu coração.
 Mais aliviado, voltou a casa, sempre debaixo de chuva e vento muito fortes.
 Qual não foi o seu espanto quando chegou a casa, foi para tirar as roupas que deviam estar a pingar e as encontrou totalmente secas como se tivesse estado sempre em casa à abrigada e não percorrendo a estrada a pé, debaixo de um temporal.
 O homem ficou ainda mais devoto da milagrosa Senhora dos Matos assim como os vizinhos a quem contou o que lhe acontecera.