APL 3131 A Fraga do Ovo

Essa Fraga do Ovo tem uns buracos por baixo, que era certamente onde os antigos escondiam as suas coisas.
Aqui há uns anos atrás, talvez há mais de cinquenta, havia um taberneiro aqui em Carvalho de Egas, chamava-se Felisberto e já tinha dinheiro, e vai um habilidoso qualquer, não sabem quem, escreveu-lhe uma cartinha pra ir pôr lá, num desses buracos, doze contos de réis, se não que o matavam.
Coitado, o homem atormentou-se. Não sabia o que havia de fazer à vidinha dele. Não sabia se havia de lá ir pôr o dinheiro, ou como é que havia de fazer, pois os gaijos diz que o matavam. Então, deu-lhe na cabeça, mandou lá dois guardas. Eles foram lá e não viram ninguém.
Mas o homem não teve mais descanso, porque tornou a receber outro aviso pra ir lá pôr o dinheiro, mas que tinha de ir só. Que pusesse lá o dinheiro e que viesse embora. Se não, que o matavam. E como ele era taberneiro, era fácil, davam-lhe uma facada ou um tiro e matavam o homem. Ele então foi lá pôr o dinheiro e veio-se embora. Passado um dia ou dois, tornou a lá ir... e o dinheiro estava lá. Trouxe-o pra casa. Não lhe queriam fazer mal, era só para lhe meterem medo.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais), Vol. 2 , Fundação Museu do Douro, 2010 , p.240
Year
240
Place of collection
Carvalho De Egas, VILA FLOR, BRAGANÇA
Informant
António dos Santos (M), 72 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography