APL 2902 [borborinos]

Cá nos Toulões chamamos-lhe borborinos e, quando os vimos, dizemos logo que andam por aí as bruxas. As pessoas cá dizem que são as bruxas pretas que os fazem andar e dizem que é tudo pela arte do diabo. Quando é à noite, os lagartos e os gafanhotos aparecem espetados nas estevas.
Contam-se muitas histórias sobre isto. Dizem que se atirássemos com uma faca sai de lá sangue, e se for uma pedra ela volta para trás e cai em cima de nós. Há quem diga que os borborinos são almas perdidas. Conta-se que havia uma rapariga que andava perdida por um rapaz, andava perdida de amores por ele, e nunca se puderam casar. Um dia apareceu um borborino a essa rapariga e era a alma do rapaz que andava perdida. Depois o borborino perguntou-lhe a ela se ele era o amor dela, e ela respondeu que sim. Depois ele disse-lhe que se era assim, ela se abraçasse a ele e levou-a com ele. Mas esta história tinha muita conversa, eu é que já não me lembro.

Source
SALVADO, Maria Adelaide Neto Remoínhos, Ventos e Tempos da Beira , Band, 2000 , p.20
Year
1991
Place of collection
Toulões, IDANHA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
Collector
Cecília Nascimento Duarte Luís (F)
Informant
Joaquim Morão do Nascimento (M), 84 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography