APL 30 O lobisomem que comeu o filho

Um homem, casado e pai dum filho, era lobisomem. Um dia foi para o campo trabalhar e levou o filho. Chegou a hora de ir fazer a “ronda” e disse ao filho que ficasse junto do carro de bois e não tivesse medo. Dizem que, quando os lobisomens vão na “corrida”, não fazem mal, mas, se “andam à busca”, têm que comer sete corações vivos e serve-lhes qualquer animal que encontrem, mesmo que seja um insecto.
 O homem, enquanto “andava à busca”, encontrou o filho e, sem saber quem era, comeu-o. Os bois apareceram em casa sozinhos, já ele lá estava. Foi então que desconfiou que tivesse feito alguma. Sentiu-se muito mal. A mulher falou-lhe:
 — Ó homem, porque é que não comes?
 — Estou enojado, não me sinto bem!... — e não quis comer.
 A mulher olhou bem para ele e notou-lhe uns farrapinhos da roupa do filho nos dentes. Ficou com uma grande paixão e mandou-o ver-se ao espelho para ver o que tinha nos dentes.
 O homem, então, deu conta que eram farrapos da roupa do filho. As pernas ficaram-lhe a tremer e correu logo a uma pessoa para lhe acabar com o fado.

Source
CAMPOS, Beatriz C. D. Tarouca, Folclore e Linguística , Câmara Municipal de Tarouca / Escola Preparatória de Tarouca, 1985 , p.26-27
Place of collection
TAROUCA, VISEU
Informant
Deolinda de Jesus Santos (F), Ucanha (TAROUCA),
Narrative
When
20 Century, 80s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography