APL 81 As bruxas

As bruxas?!... Arrenego-as eu... que nunca as mas muitos as têm visto.
 O tio Joaquim da Igreja chegou uma noite a casa e perguntou à mulher:
 — A ceia está pronta?
 — Míngua meter o caldo...
 — Então, enquanto espero, vou à Laje que preciso falar com a comadre. Não me delato... — e caminhou.
 Ao passar nas Amarais ouviu rir muito para os lados da presa e bater meadas no lavadouro.
 — Comadre, ó comadre?...
 Ninguém falou, e ele lá foi até à Laje, chamou, bateu à porta, mas não topou ninguém.
 — Sempre está na presa a lavar — futurou — e foi lá, mas deram as bruxas com ele a rir, a rir às gargalhadas, a bater palmas e a enlearam-no todo com o fio das meadas, que o pobre do homem não se podia mexer nem andar e caiu por morto.
 A mulher, depois de muito esperar, acendeu uma lumieira, chamou gente, e foram procurá-lo. Encontraram-no ainda sem acordo; levaram-no para a cama, e, quando veio a si, não se lembrava de nada.

Source
PINTO, Maria Luisa Carneiro Por Terras de Baião , sem editora, 1949 , p.179-180
Place of collection
BAIÃO, PORTO
Narrative
When
20 Century, 40s
Belief
Convinced Belief
Classifications

Bibliography