APL 1256 Nossa Senhora, a abelha e a vespa

Estava Nossa Senhora prestes a ter o seu Bendito Filho e tinha de continuar a caminhar. Não querendo ir sozinha, e porque estava no campo, viu uma vespa e pediu-lhe que fosse com ela. Mas a vespa não aceitou o convite desculpou-se, dizendo:
 — Tenho o meu pão amassado, não posso ir!
 Nossa Senhora, vendo a má fé da vespa e o seu egoísmo, amaldiçoou-a com estas palavras:
 — Pois fica sabendo que o teu pão nunca levedará, por muito que esperes.
 Continuou o seu caminho, e, já um pouco mais adiante, encontrou uma abelha na sua labuta e fez-lhe o mesmo pedido que tinha feito à vespa.
 A abelha sentiu-se agradecida pelo convite e respondeu prontamente:
 — Tenho o meu pão amassado, mas perca-se o pão ou não, vou acompanhar-te!
Então Nossa Senhora sentenciou assim:
 — O teu pão nunca se perderá. Será levedado por todas as flores do mundo. O fermento do teu pão servirá para alumiar o meu Bendito Filho e o mel será utilizado como o melhor dos remédios.
 Assim aconteceu. O fermento do pão da abelha é a cera de que se fazem os círios e as velas que ardem nas igrejas, iluminando o altar do Senhor. O pão da abelha, o mel, é bálsamo para muitos males. A vespa, como castigo, não pode produzir mel nem cera. Da mesma maneira a abelha ficou sendo um animal quase sagrado, pois ouvindo-se o seu zumbido em casa é sinal de boa nova.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.81
Place of collection
PONTA DELGADA, ILHA DE SÃO MIGUEL (AÇORES)
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography