APL 1312 Lenda da Água Santa de Nossa Senhora das Graças

Há muitos anos atrás, os marinheiros castelhanos vinham numa das suas viagens em frágeis caravelas. Tinham enfrentado calmarias e tempestades, durante muito tempo, mal alimentados e bebendo água pouco fresca. Estavam desejosos de encontrar alimentos e água que os pudesse saciar. 
 Chegando à Terceira, desembarcaram logo e, como vinham sequiosos, procuraram água para se consolarem. Mas não a encontraram e, ao verem um campo semeado de tremoço com as vagens verdes e tenras, começaram a apanhá-los e a comê-las sofregamente, tal era a fome e a sede. Um deles, estranhando o gosto, exclamou:
 — Oh! Bela favita, mas ela é um pouco amarguita!
 Estavam no Arrabalde, um lugar da freguesia de S. Sebastião, onde se vai para o Porto Martins. Embora já tivessem comido algumas vagens de tremoço, estavam sequiosos e pediram a Nossa Senhora que lhes deparasse uma fonte.
 Imediatamente a água começou a brotar e os marinheiros mataram a sede e curaram-se de muitas doenças. Prometeram que haviam de levantar uma ermida a Nossa Senhora das Graças.
 Assim foi. Ali se levantou, anos mais tarde, uma ermida e ali se passou a fazer uma festa no dia da Senhora das Candeias, a dois de Fevereiro.
 A água da fonte, por se pensar que tinha virtude, passou a chamar-se de Água Santa de Nossa Senhora das Graças e mereceu o nome porque, não só saciou e curou os ditos marinheiros, mas, durante muitos anos, muitos terceirenses. Dizia-se que curava sete moléstias e vinha gente de freguesias distantes para levar a água que curaria a suas doenças.

Source
FURTADO-BRUM, Ângela Açores: Lendas e outras histórias Ponta Delgada, Ribeiro & Caravana editores, 1999 , p.141-142
Place of collection
Vila De São Sebastião, ANGRA DO HEROÍSMO, ILHA TERCEIRA (AÇORES)
Narrative
When
17 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography