APL 760 A lenda dos castelos dos Cabriz (A)

[D. Thedon e D. Rausendo] fizeram mais uma fortificação a modo de arraiais, com sebes tecidas e terraplanadas, donde rebatiam o ímpeto dos Mouros, dividindo-se de tal maneira, que, enquanto um dormia e repousava, o outro com a lança em punho pelejava com os inimigos. E de tal maneira os atemorizaram, que se retiraram e deixaram-lhes a terra livre, pelo que determinou D. Thedon, que para dar ânimo aos católicos e quebrar o coração aos Bárbaros, seria bom cultivar a terra e fazer granjeios nela, como gente que determinava tê-la por sua e deixá-la à sua geração e descendência. Para exemplo dos mais, foi ele o primeiro que plantou um olival e fez uma quinta, que ainda no tempo de agora se chama Granja.
 Mas como a comarca ao redor fosse povoada por Mouros e tivessem fortalezas donde saíam a molestá-los, assentaram os dois irmãos que seria bom fundar uma onde tivessem as mulheres e meninos seguros e pudessem sustentar algum cerco se lho viessem pôr, e buscando sítio conveniente, o escolheram numa rocha que a natureza fortaleceu no alto com uma penedia composta de maneira que com pouco trabalho fizeram um castelo tão inexpugnável que era impossível ganhá-lo por combate. E defronte, num recosto da serra, fizeram currais para o gado que traziam de que a maior parte eram cabras, do que ficou nome de Cabriz ao castelo e povoação que ali houve depois.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007 , p.163
Place of collection
Granja Do Tedo, TABUAÇO, VISEU
Informant
Fr. Bernardo de Brito (M),
Narrative
When
15 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography