APL 137 Lenda da Bela Mandil

Em tempos que já lá vão, em Mandil, à beira mar, num castelo dourado, velida mourinha viveu e desgraça sofreu... Do seu castelo dourado que era uma estrela do céu, à terra desceu e se perdeu... Guardada (ou encarcerada?) no castelo como tesouro a esconder de todos, a bela mourinha era assim prémio que seu pai a ninguém deixava espreitar com, medo que outra gente lhe desse mais amor que ele...
 Mas um forte e ousado jovem por uma escada de ouro desceu e a mourinha assim que o viu, sozinha, ali se perdeu! Com a Linda infanta nos braços seus, o príncipe cristão subiu, então, a escada de ouro, por onde há pouco desceu. E quando Fahtma e ele iam já tocando as estrelas do céu, o pai da princesa árabe, filho de Állah, destrói o sonho lindo que dentro deles viveu, pois Àllah os dois, em pó, converteu! Mas segundo reza a fenda, também no sítio onde o castelo se ergueu, um ribeiro todo seco jogo ali apareceu e tudo quanto era flor, tudo, tudo lá morreu. Correndo o tempo vieram as chuvas, os ventos e as tempestades do céu blasfemar por quem morreu! O rouxinol perde o seu canto, as rosas perdem o seu perfume e todo aquele que lá foi ter parou, chorou e morreu, porque a terra era maldita e mais ninguém ali viveu. Incontáveis manhãs, tardes e noites nasceram e morreram e ao sítio que era Mandil outro nome se lhe deu... Bela Mandil é chamado agora o jardim onde a mourinha viveu, sofreu e morreu...

Source
AA. VV., - Lendas e Gastronomia Olhanenses Olhao, Ensino Recorrente e Educação Extra-Escolar / Coord. Concelhia de Olhão, 2002 , p.16
Place of collection
OLHÃO, FARO
Narrative
When
21 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography