APL 2363 Bruxas das Encruzilhadas


Contava-se que havia lá [em São Vicente de Valongo] umas bruxas vestidas de branco que iam às terças e às sextas-feiras para as encruzilhadas das estradas fazer mal às pessoas.
Colectora: Às pessoas que lá passavam?
Sim, para fazerem mal às pessoas que lá passavam, que pisavam o que elas lá deixavam.
Colectora: Mas deixavam lá o quê?
Não sei… coisas para fazer mal. Onde havia uma encruzilhada, que era quatro estradas (…) Havia muitas estradas, estradas térreas, que faziam uma cruz e elas punham-se lá.
[A informante conta uma história pessoal que de certo modo explica a razão pela qual acredita em bruxas]
A minha mãe teve um filho, dizem que era um menino lindo. E havia lá uma mulher que era a Ti Cipriana, diziam que a mulher que era bruxa. A minha mãe… o menino estava tão bem, tão bem, e no outro dia o menino morreu. A primeira pessoa que apareceu à minha mãe, na casa dela, foi essa mulher. − “Miraldina o que é que aconteceu ao teu menino? Já morreu porquê?” E a minha mãe teve um medo da mulher tão grande, tão grande (…) Diziam que essa mulher que era bruxa e que lhe matou o menino. A minha mãe ficou convencida que a mulher que lhe matou o filho.

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) , n/a,
Year
2007
Place of collection
Nossa Senhora De Machede, ÉVORA, ÉVORA
Collector
Sara Cruz (F)
Informant
Antónia Madeira (F), 66 y.o., born at Nossa Senhora De Machede (ÉVORA),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography