APL 2452 A Bruxa de Beja

Uma vez uma bruxa – eu digo uma bruxa – e era uma cruz. E ia passando além um homem a cavalo numa besta mesmo na cruz e a besta travou-se. Travou-se, não andava nem para trás nem para a frente nem para lado nenhum. O homem desceu-se da besta e meteu as mãos nas algibeiras, tirou uma faca e fez uma cruz assim entre o meio das pernas da besta. Uma cruz, fez assim e assim [a informante faz com a mão direita o sinal da cruz] entre o meio das pernas da besta.

Apareceu-lhe uma senhora, uma senhora muito bem vestida, tinha feitio de ser rica e a senhora disse assim: «Então agora você tem de me ir levar a casa.». «Ai, eu não posso ir…»

Colector: Então mas a casa dela era aonde?

Informante: Era em Beja. (…) «Como é que eu vou lá levá-la?» «Não lhe dê isso cuidados! Não lhe dê isso cuidados que a gente vai lá e num instantinho está logo aqui.». E pôs-se a cavalo na besta. Depois de tempo, ouviu uns passos pela calçada abaixo. A mulher tirou-se da besta, entrou lá numa loja, uma grande loja, tirou um bocado de roupa, entregou ao homem disse: «Leve lá, que é para fazer um vestido para a sua mulher.».

Source
AA. VV., - Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas) Faro, n/a,
Year
2008
Place of collection
Monchique, MONCHIQUE, FARO
Collector
Dário Guerreiro (M)
Informant
Palmira Rosa Nunes (F), 76 y.o.,
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography