APL 1932 [A terra das bruxas]

Lá em Portugal existe uma terra que se chama Anta, que é a terra das bruxas.
E então é a terra das bruxas porquê?
Porque os homens iam para o campo e as mulheres, todas elas tinham um tear em casa, (aquelas máquinas para fazer tecidos e roupas). E então ela durante o dia costuravam lá no tear e depois à noite eram as bruxas.
Entretanto, numa conversa entre os homens, estavam a conversar e entretanto veio a conversa [d]as bruxas. E então, vira-se um e diz assim:
- Ouve lá, mas tu acreditas em bruxas ou não acreditas?
E o outro disse:
- Não.
- Ai não?
E então estavam lá naquela conversa a discutir se havia, se não havia, então vira-se um deles e disse assim:
- No dia tal,  às tantas horas, vais ali abaixo ao rio (lá explicou o sítio). Está lá um barco de um pescador e metes-te dentro do barco (aquilo tinha lá uma parte à frente onde os pescadores guardavam os baldes e redes).
Entretanto, o outro para confirmar se aquilo era verdade porque ele tinha-lhe dito que se ele não acreditava em bruxas era melhor acreditar; porque a mulher era uma bruxa. E então o homem ficou com aquilo na cabeça e então fez o que o amigo lhe tinha dito.
Foi lá para o barco e depois escondeu-se mais ou menos, um bocadinho antes daquela hora prevista. Entretanto começou a ouvir barulhos e cantares e não sei o quê. O homem pôs-se a espreitar e viu lá um grupo de mulheres, todas bruxas, a dançar, e estava um homem, que era o diabo.
E foi aí que o homem viu a mulher dele.

Source
AZEVEDO, Ana A Literatura Oral na Comunidade Emigrante Portuguesa em Montreal Faro, Universidade do Algarve, 2002 , p.# 144
Year
2001
Place of collection
Anta, ESPINHO, AVEIRO
Informant
Nuno Antunes (M), 65 y.o., born at FIGUEIRA DA FOZ (COIMBRA),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography