APL 1651 Novelos de bruxa

A bruxa não pode morrer sem que alguém lhe aceite os novelos e os cadilhos, que ela deixa. Quem lhos aceita, fica herdando a sua qualidade de bruxa; mas há um meio de acabar com a agonia da bruxa, aceitando a herança a benefício de inventário — i.e. aceitando a herança dos novelos, sem correr o risco de ficar bruxa: é queimá-los. Há-de porém queimá-los depois que a bruxa morra de todo, em que ela não tiver sangue vivo. Para prova o seguinte caso. Uma tal aceitou os novelos duma bruxa e, cuidando que ela já morrera de todo, queimou-os. A bruxa que sentira apenas um delíquio acordou; entrou de novo agonia, mas não podia morrer e viu que não podia morrer, porque os novelos estavam reduzidos a cinza e não podiam ser herdados como novelos. Pediu então à herdeira que lhe tirasse um pouco de sangue do dedo mindinho e que lançasse o sangue em cima das cinzas, ainda com lume dos novelos. Os novelos transformaram-se logo no que eram antes, e a bruxa morreu então.

Source
SARMENTO, Francisco Martins Antígua, Tradições e Contos Populares Guimaraes, Sociedade Martins Sarmento, 1998 , p.149
Place of collection
GUIMARÃES, BRAGA
Informant
Margarida (F),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography