APL 759 O falso lebisomem apunhalado na rua

Contava a minha avó que outrora, em Guedieiros, havia feiticeiras que saíam de noite, faziam fogueiras e dançavam à volta delas. Também dizia ela que todos os casais que tivessem sete rapazes seguidos... o mais novo seria lebisomem, se não fosse picado à nascença.
 Os lebisomens, em certas alturas do ano ou em certas luas, por volta da meia-noite, transformavam-se em cavalos e saíam de casa para se espolinharem nas encruzilhadas. Se estes fossem picados, logo perderiam o encanto, ficando nus.
 Há uns anos atrás, talvez há perto de quarenta, esta crença ainda deveria estar presente na mente de algumas pessoas, porque nessa altura, e eu recordo-me bem, houve um burro que fugiu durante a noite da loja dos seus donos. Ora, uns homens que andavam a passear à luz da lua, estranhando ver tal animal sozinho a tais horas, foram sobre ele e apunhalaram-no, julgando tratar-se de um lebisomem.

Source
PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro - Narrações Orais (contos, lendas, mitos) Vol. 1 Peso da Régua, Fundação Museu do Douro, 2007 , p.162
Year
2007
Place of collection
Sendim, TABUAÇO, VISEU
Collector
Alexandre Parafita (M)
Informant
Maria Laura Pereira (F), 57 y.o., Sendim (TABUAÇO),
Narrative
When
21 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography