APL 843 O lobisomem da Atalaia

Uma vez estava um grupo de rapazes a passar o serão no alpendre de um forno, na Atalaia. A meia-noite e meia, um deles disse:
 — Eu vou-me embora!
 Os outros insistiram para que ficasse mas ele foi-se embora. Os companheiros que já há tempos desconfiavam que ele era lobisomem, ficaram à escuta a ver o que se passava. Dali a pouco, sentiram um grande barulho e os cães a ladrar atrás de um grande embulto pela rua abaixo. Rapidamente, fecharam a porta do alpendre do forno e esconderam-se atrás dela. Quando ele lá chegou, deu uns coices na porta e foi-se embora. Nesse dia tiveram a confirmação das suas desconfianças.

Nota: Segundo ela afirmou, o remédio para quebrar a perneta ou quebrar a sina de ser lobisomem é queimar-lhes a roupa no forno ou picá-los com a agulhada dos bois para lhes fazer sangue, tendo o cuidado de que esse sangue não caia sobre as outras pessoas, senão elas ficam lobisomens.

Source
GRAÇA, Natália Maria Lopes Nunes da Formas do Sagrado e do Profano na Tradição Popular Lisbon, Colibri, 2000 , p.105
Place of collection
PROENÇA-A-NOVA, CASTELO BRANCO
Informant
Deolinda Bárbara dos Santos (F), 72 y.o., PROENÇA-A-NOVA (CASTELO BRANCO),
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography