APL 1934 [A pata do diabo]

Há uma pequena aldeia em Trás-os-Montes, no concelho de Alijó, que se chama Franzilhal. Nessa terra há uma marca numa fraga parecida com a pata de um animal.
Conta a lenda que por aquelas terras andava o diabo à solta fazendo as patifarias que lhe apetecia sem que houvesse maneira de o deter.
As poucas pessoas que viviam lá por aquelas terras, assim afastadas de tudo, tendo ali o Inverno muito frio e o Verão muito quente não sabiam o que é que haviam de fazer para puderem passar as noites descansadas e que o diabo não as viesse atazanar.
E então pensaram construir uma igreja. Lá juntaram dinheiro para construir uma igreja para afastar o demónio através da religião. Só que a igreja demorou muito tempo a construir que o dinheiro não chegava. E eles, coitados, continuavam sempre com medo e a não conseguirem dormir nem coisa nenhuma.
Um dia lembraram-se e foram pedir ao padre de Alijó uma cruz benta lá da igreja.
E então juntaram-se todos e quando o diabo vinha por ali lançado para lhes infernizar a vida foram pôr-se no caminho dele com a cruz, todos cheios de medo. O diabo conforme olhou para a cruz assustou-se, desatou a correr e foi de tal maneira que já nem sabia por onde ia. E como aquela fraga estava ali no meio, ele pôs a pata com tamanha força para saltar e se ir embora que ainda lá está agora.
E as pessoas de lá dizem: através da fé é que se consegue vencer o demónio.

Source
AZEVEDO, Ana A Literatura Oral na Comunidade Emigrante Portuguesa em Montreal Faro, Universidade do Algarve, 2002 , p.# 164
Year
2001
Place of collection
ALIJÓ, VILA REAL
Informant
Maria Virgínia Ferreira (F), 57 y.o., born at Bragança (Sé) (BRAGANÇA),
Narrative
When
20 Century,
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography