APL 571 Lenda do cabeço da cantareira

Cantam os antigos que no Cabeço da Cantareira existiam Mouros e Mouras encantados, e que viviam em profundas e longas cavernas. E as pessoas começavam a ver os Mouros quando para lá iam com os rebanhos de gado. Mas quando começaram a falar da existência desses Mouras nessas cavernas, havia pastares que deixaram de para lá ir parque tinham medo, apesar de dizerem que os Mouras e as Mouras tinham lindos rostos e não lhes faziam mal só faziam gestos da porta das cavernas. E se alguém para lá ia de manhã cedo encontrava sempre montes de carvão perto das cavernas.
 As pessoas nesse tempo para irem à missa tinham que lá passar perto porque só havia uma capela nas Sarzedas, em Santo André ainda não se dizia missa, e então os pessoas iam em grupos. Havia uma certa mulher chamada Joana que tinha uma filha chamada Felícia, que dizem ser essa menina muito bonita. Então a mãe todos os Domingos quando ia para a missa antes de passar o cabeço sujava a cara da menina com o medo que os Mouros lha roubassem. E dizia para a filha:
 —Anda para aqui Felícia que pode vir um Mouro encantado e roubar-te!
 As pessoas antigas sempre disseram que nessas cavernas existia riqueza. Conta a lenda que quando uma pessoa fazia uma casa ou outra coisa qualquer de valor que necessitasse de dinheiro, e outra lhe perguntava onde é que arranjou dinheiro essa dizia:
 — Olha foi ao cabeço da cantareira!
 E ainda hoje há pessoas que utilizam essa expressão. Há até quem sonhasse com arcas cheias de ouro!

Source
MOURA, José Carlos Duarte Contos, Mitos e Lendas da Beira Coimbra, A Mar Arte, 1996 , p.26-27
Place of collection
Santo André Das Tojeiras, CASTELO BRANCO, CASTELO BRANCO
Narrative
When
20 Century, 90s
Belief
Unsure / Uncommitted
Classifications

Bibliography